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Depoimento IAA: Minha vida durante a pandemia

Texto escrito por Imaculada da Conceição, bolsista angolana da Ashinaga Brasil



A pandemia do coronavírus pegou o mundo inteiro de surpresa e a adaptação à nova realidade não tem sido fácil, principalmente no que diz respeito à educação e à saúde mental. No início, surgiu uma grande incerteza porque eu não sabia quanto tempo duraria esse isolamento social ou como isso afetaria meus estudos e minha saúde mental. Foi um desafio ficar trancada em casa, em um quarto, e acabou sendo sufocante, mesmo tendo uma rotina de estudo e estágio.


A dificuldade mais significativa que tive nesse período foi me concentrar 100% nas aulas online. O ano de 2020 foi quando comecei as aulas noturnas, e achei um desafio fazer as aulas até o fim sem adormecer, primeiro porque ainda não estava acostumada com a nova rotina, e segundo porque havia momentos em que não conseguia ficar acordada, devido ao cansaço . Isso me desestabilizou muito e se refletiu nas notas baixas que recebi nas primeiras provas do primeiro semestre de 2020.


Além de ter que me adaptar a um novo método de aprendizagem, muitas vezes me sentia ansiosa e estressada por ficar confinada e distante socialmente durante a quarentena. Lidar diariamente com a ansiedade e o medo por causa daquele período de incerteza acabou sendo um enorme desafio para mim e para o meu progresso acadêmico.


O meu medo estendia-se ao aspecto humanitário, à velocidade com que o vírus se espalhava, ao número absurdo de mortes por dia, aos problemas que surgiram por causa da pandemia; a fome extrema em várias partes do mundo, as pessoas que perderam os seus empregos e o número de pessoas que morreram de fome porque não podiam sair para ganhar a vida.


O mundo virou de cabeça para baixo e eu não conseguia pensar apenas em mim. Graças a Deus, não me faltou nada e sou muito grata à Ashinaga Brasil por não decepcionar seus alunos em nenhum momento. Vi amigos meus que não tiveram tanta sorte e, infelizmente, tiveram que voltar para seus países porque não tinham condições de se sustentar; muitos até tiveram que abandonar os estudos.


Os órgãos de saúde incentivaram o autocuidado responsável como estratégia eficaz para lidar com a saúde. Essa ação foi fundamental para olhar para dentro e redobrar os cuidados com a minha própria saúde e a de quem está ao meu redor. Ser consciente e responsável por mim mesmo é fundamental para proteger a minha vida e a dos outros ao meu redor.

Graças a Deus, não fui infectada até agora e, no que me diz respeito, espero nunca testar positivo para COVID-19. Embora as coisas estejam mais controladas e eu já tenha recebido a primeira dose da vacina, ainda acho fundamental me cuidar com atenção.


A vida é cheia de provações e tribulações e, como dizem, a crise cria oportunidades, e é nelas que as pessoas podem se reinventar e seguir em frente porque, apesar de todo o caos em que vivemos, a vida deve continuar independentemente. A escolha é, em última análise, nossa: sentar-nos e ficar de mau humor ou levantar-nos e tentar encontrar soluções.


Para isso, decidi mudar minha rotina. Comecei a meditar e a fazer ioga para cuidar da minha saúde mental, que estava bastante afetada. Comecei a participar de treinamentos online, lendo e participando de palestras sobre liderança e relações interpessoais. Fiz o possível para me adaptar ao "novo normal", reprogramei meu horário de estudos e consegui me concentrar mais nas aulas. Com isso, minhas notas melhoraram e minha ansiedade diminuiu, em grande parte graças à meditação, e hoje posso dizer que estou bem adaptada a esta nova realidade. As incertezas sobre o que virá depois da pandemia permanecem, mas decidi viver um dia de cada vez, o que significa viver as tristezas e alegrias do dia a dia.


A pandemia me ensinou a ter mais amor pela vida, não só pela minha, mas pela dos outros. Me ensinou a me preocupar mais com a dor dos outros, ter empatia e valorizar os pequenos momentos com as pessoas que amamos. A maior lição que levarei comigo para a vida é que não devemos ficar muito confortáveis ​​com a forma como as coisas são. A vida é cheia de surpresas e ninguém pensou que esta pandemia pudesse parar o mundo da forma como o fez, mas cabe-nos a nós sermos persistentes e resilientes.


Ficar de mau humor não é uma solução; é claro que podemos ficar tristes, mas devemos ter cuidado para não ficarmos de mau humor para sempre porque nem tudo está sob nosso controle. Então, vamos continuar nessa linha, nos reinventando a cada dia. O mais importante é saber nos levantar depois de cada queda. Aprendi a ser forte por mim e pelos outros. Aprendi a nunca desistir porque mesmo em meio às trevas sempre há uma luz, e essa luz é a esperança de que nada está perdido. A única coisa que mudou foi a forma como as coisas devem ser feitas.

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